O fenômeno Javier Milei

Nesses últimos dias vem se comentando muito sobre uma figura bem incomum no cenário latino-americano: Javier Milei. Candidato à presidência da Argentina, vem se destacando por seus ideais que são bem diferentes do que se encontra hoje na América Latina. Formado em economia, Milei tem 52 anos de idade e liderou as primárias da Argentina com 30,4% dos votos que ocorreu há 3 dias atrás (13).

Quem é Milei?

Formado em economia, Javier Gerardo Milei tem 52 anos de idade e liderou as eleições primárias da Argentina com 30,4% dos votos, que ocorreu dia 13 deste mês. Milei elegeu-se deputado na Câmara dos Deputados da Nação Argentina no ano de 2021 e, desde sua entrada na vida política e pública, vem se tornando destaque na mídia por seus ideias bastante anormais aos já estabelecidos no país. Com a Argentina em uma grande crise após vários anos de Kirchnerismo (com a família Kirchner no poder), uma solução para o país é querida por toda a população, e o único meio mais eficaz para um país neste estágio retomar o crescimento é através da política; pensando nisso, candidatou-se Milei, um anarcocapitalista.

Seguidor da corrente econômica austríaca, desde o ano de 2021 Milei desempenha a função de Deputado Nacional pela região da Cidade de Buenos Aires, pela aliança política La Libertad Avanza. Ele estabeleceu o compromisso de se opor a qualquer proposta de aumento de tributos, reforçando sua posição com a declaração incisiva: “Antes de consentir a elevação de um imposto, ou de instituir um tributo adicional, estou disposto a renunciar ao meu próprio membro superior”. No mês de abril do ano ano passado (2022), Milei comunicou publicamente sua aspiração a se tornar pré-candidato à Presidência da Argentina nas eleições presidenciais de 2023. Consequentemente, sua trajetória o alçou ao status de um concorrente de destaque, obtendo êxito ao vencer as primárias realizadas poucos meses antes da eleição definitiva, que ocorrerá 22 de outubro, e, se houver segundo turno, ocorrerá 19 de novembro.

Graduado em Economia pela Universidade de Belgrano, com um título de Licenciatura, Milei ostenta dois Mestrados pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social (IDES) e pela Universidade Torcuato di Tella. Seu papel de assessor econômico se expandiu para a esfera política, quando ofereceu orientação a Antonio Domingo Bussi, ex-governador da província de Tucumán. Especializado em crescimento econômico, também acumulou experiência como professor de diversas disciplinas econômicas em universidades tanto na Argentina, quanto no exterior, além de ter autoria de nove obras literárias. Sua grande carreira como professor universitário abrangeu mais de 20 anos, abordando macroeconomia, economia do crescimento, microeconomia e matemática para economistas. Além do mais, Milei é apresentador de seu próprio programa de rádio, chamado “Demoliendo mitos” (Demolindo mitos).

Suas ideias

Uma de suas propostas que mais repercutem pela mídia é a de dolarizar a Argentina (tornar a moeda corrente da economia do país o dólar), pretendendo assim estabilizar a economia. Fazer do Banco Central da Argentina o décimo dedo de Lula também é um de seus grandes planos. Milei possui posições bem firmes em relação ao cenário internacional da Argentina… Pretende Milei cortar relações de negócios com a China “por ser comunista”, segundo ele em entrevistas dadas em 2021. A China é o segundo maior parceiro comercial do país, o primeiro é o Brasil, e, afirma Milei, que não será ruim à Argentina cortar laços com a China pois ele “negociaria com o lado civilizado da via”, referindo-se ao Ocidente. Disse o presidenciável:

“Quero estar alinhado com o Ocidente, meus sócios serão os Estados Unidos e Israel. A posição será de luta contra o socialismo. Todos os dispostos a lutar contra a esquerda estarão ao meu lado. Não faço negócios com comunistas”.

Milei também falou sobre os ministérios do país, que visa cortar 10 dos 18 ministérios existentes e tirar a Argentina do Mercosul, deixando o bloco apenas com Paraguai, Uruguai e Brasil.

A mídia tradicional vem batendo bastante no candidato, o denominando de “extrema-direita”, de “ultraliberal”, de maneira simplória quando, na verdade, não é isso. Anarcocapitalismo é um viés político um tanto complexo: como o nome sugere, anarco vem de anarquia (que se opõe a todo tipo de hierarquia estatal), e capitalismo, de capitalismo. Essa ideologia libertária defende a extinção do Estado e o direito à soberania do indivíduo através da propriedade privada, diferente do que se vê hoje na Argentina.

O mundo e Milei

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recentemente fez um vídeo em apoio à candidatura de Milei, destacando pontos em comum com o candidato argentino à presidência:

É evidente o apoio não só dos líderes ligados à direita política, mas também dos diversos cidadãos apoiadores adentro do espectro político. Na Argentina, não necessariamente os eleitores de Milei são direitistas ferrenhos ou anarcocapitalistas de carteirinha, mas sim querem uma verdadeira mudança nacional e se identificam com o discurso de Milei. Os povos dos outros países também saúdam a Argentina e prestam apoio através das redes sociais ao povo argentino pois é notório em todo o mundo o quanto a Argentina precisa de renovação positiva – não só a Argentina, convenhamos. Os 30% de eleitores de Milei anseiam por um governo que priorize a liberdade e a propriedade privada.

O movimento Milei possui muita semelhança com o de Jair Bolsonaro, em 2018, quando se foi feito um desastre pela esquerda e o candidato opositor, seja quem for, ganha força não necessariamente por sua personalidade ou ideias defendidas, mas por se apresentar como mudança. Os ideias de Milei são mais extremos do que os de Bolsonaro, mas em certas questões se assemelham e muito. As propostas de Milei são um tanto polêmicas e perigosas, e o futuro governo do mesmo será uma inovação, certamente, na prática; será uma revolução política na Argentina.

Sedevacantismo

Um assunto que também deu o que falar foi a questão sedevacantista de Milei. O candidato faz duras críticas ao Papa Francisco o chama de “o maligno na Terra”.

Sedevacantismo é uma posição teológica dentro do catolicismo tradicionalista que defende que a Santa Sé está vaga e que o Papa é, na realidade, um impostor. O termo “sedevacantismo” é derivado da frase em latim sede vacante, que significa literalmente “cadeira vaga”. Wikipedia.

Suas falas são incisivas em relação às ações do papa que colaboram com a destruição da Igreja:

Após essas falas, o Papa o respondeu sem citar diretamente seu nome:

Logo após, Milei respondeu em uma entrevista na Radio Rivadavia – 31/03/23:

“Um covarde, que nem sequer usa nomes. Ou seja, nem ao menos o mequetrefe teve a coragem de falar de mim pelo nome. […] Isso o mostra como um covarde.”

O possível perigo

O que será a Argentina nos próximos anos é um mistério. A linha ideológica de Milei pode fazer com que a Argentina venda grande parte de suas estatais e itens estratégicos, pondo-os à mercê do (((capital estrangeiro))) e os aprisionando financeiramente. Vemos isso inclusive aqui no Brasil, onde governos anteriores venderam pertences estatais altamente ricos, como a Vale do Rio Doce, por exemplo, vendida no governo Fernando Henrique, que o preço em que foi comercializada não fazia jus nem a 0,5% do que valia a mineradora, com minérios preciosíssimos.

É preciso analisar bem o que será feito economicamente na Argentina pois, se não o ser, e, for privatizado o máximo possível dos pertences nacionais, deixando assim tudo nas mãos (((deles))), certamente tornar-se-á a Argentina uma verdadeira colônia de banqueiros, como dizia o eterno Gustavo Barroso em relação ao nosso país, e que ainda infelizmente é realidade.

Pois bem… O que desejo aos hermanos é sorte e esperança no meio de tanto caos, e que o encontro de Milei e o Papa ocorra o mais rápido possível!

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